UNO Junho 2014

Recursos naturais e desenvolvimento econômico

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Os minerais são imprescindíveis para muitas atividades cotidianas. Seria uma irresponsabilidade dar as costas a algo de que dispomos e que, graças à evolução tecnológica, está ao alcance das nossas mãos, inclusive em lugares de acesso impossível até anos atrás. Hoje podemos fazê-lo com absoluto compromisso ambiental e respeito pelo ambiente.

O mundo vive na atualidade uma nova idade de ouro dos metais. O crescimento dos países em vias de desenvolvimento nos últimos sete anos situa-se entre 6 e 10%, o que provocou um notável aumento do consumo de matérias primas que, às vezes, levou a situações de tensão entre oferta e procura.

Por outra parte, embora nos países desenvolvidos não se deem taxas de crescimento tão espetaculares como nas economias emergentes, a procura por metais encontrou novas aplicações, como as relacionadas com a sanidade, com o desenvolvimento de novas tecnologias e processos mais sustentáveis ou com novas formas de transporte, como veículos elétricos e híbridos, que requerem para sua fabricação o dobro de cobre que os veículos convencionais.

Recursos naturais

Assim, os recursos naturais têm um papel relevante no mercado mundial. Eles oferecem um valor tangível de presente e de futuro, são parte da “economia real”, em contraposição com outros modelos que foram referência até pouco tempo atrás, como as chamadas “economias de bolha”

A mineração é há anos um setor em alta, que vai crescendo em importância, e com esta perspectiva as companhias de mineração estão se mostrando muito dinâmicas, aumentando sua capacidade de produção ao mesmo tempo em que desenvolvem em paralelo seu compromisso com o desenvolvimento social das comunidades onde se dão suas explorações e com cuidado do meio ambiente. Atualmente há mais de 30 projetos de novas minas, ou ampliação das existentes em cobre e zinco, por exemplo.

Os recursos naturais têm um papel relevante no mercado mundial. Eles oferecem um valor tangível de presente e de futuro, são parte da “economia real”.

No entanto, não podemos esquecer-nos de que a exploração de uma mina exige um alto investimento inicial, com horizontes de tempos longos e incertos para sua recuperação. A maior parte das novas descobertas de jazidas encontra-se em zonas do planeta difíceis e remotas, que oferecem grandes desafios de regulação, especialmente ambientais, de infraestruturas e que podem contar inclusive com a oposição das comunidades autóctones, o que acrescenta bastante dificuldade à sua exploração.

Além disso, um país sem base legal sólida e segura vai condicionar negativamente qualquer investimento ou futuro desenvolvimento no campo dos recursos naturais.

A industrialização como valor agregado e riqueza num país

Se retrocedermos no tempo, desde sua origem o ser humano tem a necessidade de transformar os elementos da natureza para fazer uso deles; em sentido estrito já existia a indústria, mas é no final do século XVIII e durante o século XIX que o processo de transformação dos recursos da natureza passa por uma mudança radical, conhecida como revolução industrial.

Esta se baseia na diminuição do tempo de trabalho necessário para transformar um recurso em produto útil, graças à utilização do modo de produção da economia de livre mercado. Este modelo econômico adquire então uma nova dimensão e a transformação da natureza alcança limites nunca antes vistos.

Graças a esta revolução, alguns núcleos populacionais começam a especializar-se na produção industrial, configurando o que conhecemos como regiões industriais.

Hoje sabemos que quanto mais industrializado é um país, melhor funciona sua economia; por isso, além de garantir a manutenção da indústria existente, é preciso apostar no seu crescimento como salvaguarda do futuro.

A importância da inovação na extração e uso dos recursos naturais

A Atlantic Copper, empresa que represento, não é apenas a segunda maior fundição e refinaria da Europa, mas também uma das mais eficientes do mundo, a cabeça em eficiência energética, produtividade e segurança. Além disso, somos o maior produtor de cobre e ácido sulfúrico da Espanha e a primeira empresa andaluza exportadora.

04Para alcançar tudo isso, temos que inovar. A inovação é a chave para a sobrevivência num ambiente globalizado e em contínua modificação. E é chave porque a sociedade requer processos sustentáveis e respeitosos com o meio ambiente; compete-se em nível mundial em custos unitários com outras fundições, sendo essencial manter altos níveis de excelência operacional; segurança, comportamento ambiental, disponibilidade das instalações, eficiência de processos. Uma das definições de inovação é que se trata de aplicação de talento que visa melhorar processos e produtos. É por isso que inovação e indústria não podem se separar.

Mas além de tudo isso, é necessário atitude positiva das administrações para o fato industrial. Como eu comentava ao início destas linhas, seria irresponsável deixar de aproveitar e transformar nossos recursos naturais, começando pelo talento, enquanto outras partes do mundo se esforçam para não perder a oportunidade de satisfazer uma procura que não para de crescer.

 

 

 

 

Javier Targhetta
Conselheiro delegado da Atlantic Copper
Conselheiro delegado da Atlantic Copper e vice-presidente sênior de marketing e vendas do grupo Freeport em escala mundial. É também vice-president commissioner de P.T. Smelting (Indonésia), membro do Conselho e do Comitê Executivo da ICA (International Copper Association), vice-presidente do conselho de administração da Fortia, membro do conselho de administração da MAXAM e vice-presidente da CONFEDEM. Além disso, é membro do Alto Conselho Assessor de Engenharia da Espanha e do Conselho Assessor da Escola Técnica Superior de Engenheiros de Minas de Madri e professor associado da Universidade Politécnica de Madri. Engenheiro de minas pela Universidade Politécnica de Madri e PADE (Programa de Alta Direção de Empresas) pela IESE, Universidade de Navarra. 

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