UNO Março 2015

Inteligência Competitiva: fontes, métodos e comunicação

010_2Para a definição de estratégias de comunicação e influência eficazes, assim como para a gestão e avaliação de nossos planos estratégicos de comunicação, precisamos contar com boas análises e com informações verdadeiramente relevantes sobre nossos stakeholders ou público. Trata-se de uma premissa essencial de partida para todo profissional da comunicação estratégica. Da mesma forma, a comunicação é uma dimensão essencial do ambiente competitivo e é imprescindível que os programas de inteligência competitiva assumam também esta realidade e contem com os marcos analíticos e técnicas adequadas para conhecer, compreender e explicar para os responsáveis por tomar decisões nas empresas esta dimensão, seus atores, redes de relações, forças motrizes e implicações.

Um portfólio completo de produtos de inteligência é aquele que, assumindo uma perspectiva integrada, fornece informações e análises oportunas sobre os componentes que integram ambas esferas – indústrias/mercados (clientes/consumidores, fornecedores, concorrentes, etc.) e o ambiente macro

Agora, supondo que ambas premissas tenham sido plenamente assumidas, o passo seguinte é a ação. Isto é, onde está e como obter informações estratégicas necessárias ao nosso cliente? Como analisamos e interpretamos essas informações? E como comunicamos estes insights e recomendações de maneira eficaz e adaptada aos novos consumidores de análise na era digital?

Em primeiro lugar, a fim de dispor de fontes confiáveis, capazes de fornecer informações, credíveis e oportunas mas também relevantes para os consumidores de inteligência, um papel ativo do cliente corporativo é fundamental. A função de inteligência precisa saber quais são as necessidades de conhecimento da Direção. Ou seja, quais são os assuntos e questões que exigem inteligência com base no qual decidir e agir. Neste sentido, a construção e gestão de relações de confiança excelentes com o cliente e outros consumidores corporativos e o estabelecimento de um bom sistema de comunicação interna são imprescindíveis. As questões essenciais da inteligência devem capturar tanto as necessidades de conhecimento sobre os mercados e as forças competitivas, como aquelas relativas às dimensões do ambiente macro (político, econômico, regulatório, social, tecnológico, cultural e de comunicação) que influem ou podem afetar de maneira dramática as condições em que ocorrem a concorrência nos mercados.

Um portfólio completo de produtos de inteligência é aquele que, assumindo uma perspectiva integrada, fornece informações e análises oportunas sobre os componentes que integram ambas esferas – indústrias/mercados (clientes/consumidores, fornecedores, concorrentes, etc.) e o ambiente macro. A fim de poder extrair implicações verdadeiramente pertinentes, é absolutamente fundamental a perspectiva interna sobre a organização.

Para comunicar a inteligência hoje em dia é necessário, cada vez mais, considerar a experiência do usuário (UX) e interação do cliente

010As boas análises precisam contar com fontes qualificadas e diversificadas, capazes de fornecer e dar acesso a conteúdos relevantes e credíveis e dependem de: (1) da sistematização das operações para a obtenção desses dados e informações que são publicamente acessíveis em fontes abertas (registros oficiais e publicações de governos e administrações, instituições internacionais, think tanks, imprensa internacional, nacional e também local, meios de comunicação, sites, redes sociais, literatura cinzenta, bases de dados de profissionais especializados publicações acadêmicas especializadas e profissionais, patentes, publicidade de concorrentes, etc.); e também (2) do adequado planejamento das operações de obtenção daquelas informações inéditas, apenas disponíveis através de fontes humanas, como podem ser especialistas, acadêmicos, jornalistas, fornecedores, negociadores ou os próprios clientes ou consumidores.

O conhecimento setorial procedente da prática profissional e da experiência, combinado com o uso de modelos conceituais, marcos interpretativos e várias técnicas de análise – incluindo os seus pontos fortes e fracos e sua relação com outras técnicas – constituem a base para poder analisar e interpretar todas as informações que chegam ao sistema e dela extrair conclusões e implicações correspondentes em cada caso. O reconhecimento da própria experiência como uma possível fonte de entraves e pontos cegos competitivos, bem como as nossas limitações cognitivas, são absolutamente necessárias e existem técnicas estruturadas que permitem mitigá-las. Simulações e jogos de guerra, cenários, indicadores, análise de issues, industry analysis, perfis de concorrentes, mapeamento de grupos estratégicos, benchmarking e análise de stakeholders, são apenas uma amostra dos métodos e técnicas utilizados.

A comunicação da informação estratégica e as análises de forma adequada são um aspecto que adquirem cada vez mais importância na era digital.

Para comunicar a inteligência hoje em dia é necessário, cada vez mais, considerar a experiência do usuário (UX) e interação do cliente. Ou seja, colocar a experiência geral do consumidor dos nossos produtos de inteligência no centro e assumir que cada um terá um papel mais ativo.

Rubén Arcos
Co-Diretor do Capítulo Espanhol da SCIP
Doutor, professor de Ciências da Comunicação na Universidade Rei Juan Carlos e pesquisador da cadeira de Serviços de Inteligência e Sistemas Democráticos desde a sua fundação, em 2005. É coordenador do Mestrado interuniversitário em Análise de inteligência. Em 2013, fundou a SCIP Espanha (Strategic and Competitive Intelligence Professionals), o capítulo espanhol da Associação Internacional de Profissionais de Inteligência Competitiva, estabelecido nos Estados Unidos, em 1986. É membro internacional da Public Relations Society of America (PRSA). Seu livro mais recente é The Art of Intelligence: Simulations, Exercises, and Games (Rowman & Littlefield Publishers, 2014).

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