UNO Março 2016

Espanha: Gestão da transparência e inovação tecnológica

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Nos últimos tempos, a grande onda da transformação digital está chegando às organizações. As mudanças, motivadas pelo uso da tecnologia, inicialmente impulsionadas a partir da perspectiva da comunicação e dos novos canais, e mais tarde uma profunda transformação dos hábitos dos indivíduos, modelos de negócios e da relação com os stakeholders, estão causando também uma reflexão sobre o aproveitamento da tecnologia para o reforço da responsabilidade social e da transparência corporativa.

Com efeito, a nova economia digital abriu uma atraente gama de oportunidades para a RSC, não apenas gerando mais ações transversais, multicanais e transmídias, mas também incidindo sobre uma mudança de modelo e medição das mesmas.

Mas a pergunta que surge é: como isso impacta os dois tradicionais e maiores desafios de RSC, a gestão da transparência e a medição do impacto? A inovação tecnológica propõe um novo modelo de transparência, baseado na abertura de dados e na utilização e aproveitamento da mesma ou, como é conhecido no setor, pelos termos em inglês: o Big Data e o Open Data. Estes campos nos fornecem ferramentas de extremo potencial quando se trata de colocar valor de forma transparente aos resultados de nossas ações, acompanhadas por sistemas de visualização sofisticados, monitoramento e controle.

A nova economia digital abriu uma atraente gama de oportunidades para a RSC, não apenas gerando mais ações transversais, multicanais e transmídias, mas também incidindo sobre uma mudança de modelo e medição das mesmas

Uma boa estratégia de transparência passa por uma boa gestão na obtenção dos dados, uma boa interpretação dos mesmos e uma abertura das fontes para ser valorada com terceiros. Estas novas formas de Open Data conectam-se diretamente com os desafios que desde sempre o setor teve, a fim de explicar melhor o impacto e os resultados das iniciativas levadas a cabo.

Por outro lado, a inovação digital trouxe transparência, novas ferramentas baseadas na participação, a criação de projetos e o desenvolvimento de novas plataformas relacionais com os diferentes stakeholders, baseada na mobilidade e na simplicidade. Muitas vezes dizemos que, hoje em dia, temos nossos públicos com apenas um toque dos smartphones inteligentes, quase em tempo real.

11_1De acordo com um relatório elaborado pela PwC, em cooperação com ICEMD, a transparência e a inovação, a ominicanalidade e a gestão de reputação foram enumeradas como pontos chave para preparar a empresa para encarar o cliente do futuro.

Não em vão, na economia digital, o consumidor e as novas tecnologias estão revolucionando o próprio modelo de produção e de relacionamento com as empresas.

No campo da Responsabilidade Social e da Transparência, podemos encontrar muitas iniciativas de organizações que já estão tendo casos significativos nestes aspectos.

Um exemplo é aquele realizado pela empresa Nike, que lançou um projeto em torno da tecnologia e o impacto ambiental chamado “Environmental Apparel Design Tool“, uma ferramenta de desenho de roupas que tinha o objetivo de promover a colaboração entre companhias, acelerar a inovação sustentável e reduzir o uso dos recursos naturais durante os processos de produção dos desenhos. Esta ferramenta ajuda os designers a tomar decisões em tempo real sobre o impacto do seu trabalho no meio ambiente, permitindo implementar mudanças para assim reduzir o uso de recursos naturais. A Nike investiu US$ 6 milhões na ferramenta e permitiu a criação de camisetas com material de poliéster reciclado a partir de garrafas de plástico, bem como um modelo de impacto, em tempo real, potencializado pela tecnologia e pela e cocriação.

A inovação tecnológica propõe um novo modelo de transparência, baseado na abertura de dados, na exposição e no aproveitamento dos mesmos

Outro exemplo que encontramos mais recentemente foi o da ILUNION, o grupo empresarial da ONCE e de sua Fundação, que apresentou seu Relatório de Valor Compartilhado de 2014 via Twitter. Foi a primeira vez que um documento de Responsabilidade Social Corporativa foi tornado público utilizando um acordo com esta rede social e da sua sede, para gerar um debate entre os vários grupos de interesse sobre as boas práticas empresariais, envolvendo na participação, vários grupos de interesses e alcançando um grande impacto e relevância em termos de conteúdo.

Em suma, como em outras áreas da gestão empresarial, a inovação e a transformação digital estão impondo, de forma muito profunda, à responsabilidade social e à transparência da gestão que, além disso, conformam aspectos enormemente apreciados pelo consumidor digital do futuro. A confluência desses aspectos abre, sem dúvida, novas janelas de oportunidade para projetar, de forma diferente, iniciativas, colocando valor nos resultados e envolvendo os públicos no desenvolvimento das mesmas. Tudo isso, com a ajuda do fator tecnológico, tornando a experiência do usuário mais enriquecedora, com as variáveis das mudanças. Os desafios estão aí.

Sergio Cortés
Sócio da LLORENTE & CUENCA, fundador e presidente da
É sócio da LLORENTE & CUENCA, fundador e presidente da CINK. Empreendedor referência no segmento de empresas de tecnologia, é especialista em inovação digital, prototipagem e transformação digital. Também desenvolve e gerencia projetos de alto impacto estratégico para as organizações através da assistência técnica e execução das mesmas no campo da inovação e comunicação, aproximando grandes empresas para o modelo de inovação aplicado por startups líderes de mercado. Atualmente, também colabora como consultor em diversas organizações, incluindo entidades bancárias, governos e projetos solidários. É engenheiro industrial, com estudos na ESADE. Além disso, concluiu Executive Program for Growing Companies na Universidade de Stanford, na Califórnia, e é pós-graduado pelo Entrepreneurship Center do MIT (Massachussets).

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